quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Empresa ganha mais desenvolvendo culturas do que reduzindo custos_é o que eu acho

Devido à crise e ao aumento de competitividade da maioria dos mercados, muitas empresas estão fazendo gato e sapato para se manterem ou passarem a ser lucrativas. Geralmente, quando isto acontece, a organização entra na "paranóia da sobrevivência" que, em poucas palavras, significa baixar custos e despesas. Não que o foco em querer maximizar recursos não seja muito importante, mas quando isto se torna a máxima da empresa, seu futuro certamente sairá prejudicado.

Uma pessoa menos experiente perguntaria: "Por que focar no corte de custos e despesas? Não poderíamos aumentar as vendas para conseguir melhores resultados?".
No entanto, esta quase nunca é a alternativa dos gestores encarregados de balancear as contas. E por que não?
Somos ensinados durante toda a nossa carreira educacional a ter um controlo e uma certeza naquilo que estamos fazendo. Passamos por provas onde apenas uma resposta é a certa. Somos extensivamente treinados para diferenciar o correcto do errado, para responder a perguntas rapidamente e de acordo com o material estudado, a percorrer um "caminho certo", como se existisse um caminho certo e ele fosse o mesmo para todos. Nossa vida está longe de ser simplesmente dividida como uma prova de avaliação, em respostas correctas e incorrectas. Não estou querendo dizer que está tudo errado com o nosso sistema de ensino, apenas dizendo que ele nos prepara apenas para a parte da vida que podemos "controlar".

Então, como as pessoas são bem intencionadas, experts em controlar e trazer previsibilidade às nossas empresas, elas preferem trilhar o caminho do óbvio que é cortar, ou controlar, custos e despesas. Ora, o ponto delicado desta iniciativa de corte de custos e despesas é o fato de que, com o tempo, este processo acaba com a empresa. Corta-se tanto, e muitas vezes de forma tão indiscriminada, que perde-se a vantagem competitiva. Será que é viável pensar de forma diferente? Que outras saídas temos?

Não tenho dúvidas de que uma das soluções pode estar no facto de as pessoas começarem a questionar outras possibilidades. Geralmente não nos dão tempo ou não nos permitem pensar de forma diferente, manter uma questão em aberto, sem resposta imediata, pois fomos ensinados para responder de pronto e rapidamente a perguntas tais como: Quanto é 2 + 2? Qual é a capital do Brasil? Qual o rio que passa na cidade x? Não foi assim que fomos "educados"?

A forma de aprendizado que possibilita que possamos pensar o impensável não está contida neste contexto de respostas rápidas, e certas e erradas, para perguntas fechadas. Só que nosso mundo e nossas empresas estão nos colocando questões abertas que não conseguimos responder com este tipo de raciocínio. Faz-se necessária uma outra colocação, uma outra atitude frente aos desafios deste novo século. Precisamos de uma mudança cultural que nos permita realmente trabalhar em "parceria" tanto internamente na empresa, como externamente com clientes, fornecedores e a sociedade como um todo.

O que é mais fácil: reduzir custos e despesas ou criar uma nova cultura voltada à inovação de produtos, mercados, formação e formas de trabalhar? No curto prazo, a resposta seria: reduzir custos. Mas com o passar do tempo, manter uma empresa sob o contexto do controlar e da previsibilidade se torna cada vez mais difícil, pois como a teoria de sistemas nos ensina, há que se ter muita energia para manter um sistema em equilíbrio. Logo, é mais fácil e menos desgastante criar na empresa uma nova cultura voltada à inovação e à produção de resultados generosos do que o controlo absoluto. De forma poética, eu diria: "a inovação é de nossa natureza". Na procura de melhores resultados, não conheço forma melhor do que alinhar os pensamentos dos gestores voltados a controlar e a trazer previsibilidade aos processos gerenciais, com os dos inovadores e interessados em criar futuros que terão de ser inventados e implementados. Para isto, é necessária a criação de uma cultura que aceite, valorize, tolere e, de preferência, convide a diversidade que todos trazemos a ser expressa, para que contribua na criação do futuro da empresa.

Nos meus (ainda jovens) anos de experiência profissional, ficou claro que o que mais queremos é estabelecer uma diferença, ou melhor ainda, ter a percepção que fazemos uma diferença com o nosso trabalho. Quando se consegue criar o espaço em que temos a percepção de estar fazendo a diferença, estamos garantindo o sucesso da empresa e fazendo com que ela passe a ser inovadora e líder, deixando os mercados pouco lucrativos para aquelas que se recusam ou não sabem que podem mudar.

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